O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) concedeu nesta quinta-feira o efeito suspensivo para jogadores do Botafogo. A meu ver a condenação foi acertada, mais a pena foi muito desproporcional. É como se alguém avançasse o sinal e pegasse uma pena de dez anos em regime fechado.
O sistema de Justiça desportiva precisa passar por serias reformas. Para se ter uma idéia do amadorismo, o STJD é custeado pela CBF. Contudo, seus membros não são remunerados.
Os Tribunais de Justiça Desportiva são totalmente desprovidos de moral e ética para tratarem da maior paixão do povo brasileiro. Como pode um esporte de categoria profissional, que movimenta tanto dinheiro ter um tribunal amador?
A nível regional a coisa piora, e não exige critério nas punições e existe uma diferenciação nítida entre os clubes. Quem não se lembra do da absolvição do Toró? O jogador foi enquadrado no artigo 255 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva por ter atingido covardemente o goleiro Castillo com um chute na cabeça no clássico contra o Botafogo, pela Taça Rio. A pena poderia ser de até 540 dias de suspensão, mas ele ficou apenas um jogo fora. Que Justiça é essa em que um profissional atinge com um chute a cabeça de um companheiro caído sem defesa e acuado e leva punição de um jogo e o outro jogador que atinge a face do outro atleta de pé e com plenas condições de se defender levar 120 dias de suspensão?
O STJD precisa rever seus conceitos, principalmente com o que diz respeito as regras, porque as mesmas são muito evasivas e cada um interpreta como quer e aplica de acordo com que achar melhor. As penas são ridículas e draconianas, e os critérios ficam a mercê de acordo com os “compadres” do STJD. Nunca vi tanta repressão à liberdade de expressão na esfera desportiva. Liberdade de expressão é vital em qualquer sociedade democrática, mas hoje ninguém pode se pronunciar contra as decisões dos Tribunais de Justiça Desportiva, por risco de sofrer severas punições. Regras que, aliás, são tão ruins que não amparam nem o patrimônio de um clube. Como pode um clube ter seu estádio depredado por vândalos de torcidas adversárias e ainda ser punido financeiramente pelo estrago causado? Tais regras não portam os valores de Fair Play e não contribuem em nada para a segurança nos estádios.
No Rio de Janeiro já virou uma algazarra, André Valentim o Procurador do TJD-RJ passou dos limites do amadorismo. Sadismo, cinismo e falta de ética, após a final da Taça Guanabara entre Botafogo x Flamengo, quando indiciou seis atletas alvinegros e a técnica Cuca, declarando-se ser torcedor do Flamengo, dizendo que gostaria de ver o atleta do Botafogo, Lucio Flavio com a camisa flamenguista.
Gostaria de encerrar fazendo um apelo aos homens de bem desse país, que se mobilizem para criar um Tribunal Desportivo de verdade, com regras justas e claras. Não é uma utopia ter um tribunal onde os atletas sejam julgados com igualdade, precisamos apenas de um Tribunal Desportivo profissional e remunerado.